Stan Lee: um super-herói real

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Stan Lee, nascido Stanley Martin Lieber (28 de dezembro de 1922 - 12 de novembro de 2018) foi uma das figuras mais importantes e influentes do universo das histórias em quadrinhos, sendo responsável pela criação de inúmeros personagens icônicos do imaginário da cultura pop.

Sua trajetória profissional teve início em 1939, como assistente na Timely Comics. Sua estréia nos quadrinhos, porém, só ocorreu em 1941, com uma história do Capitão América, a qual assinou com o pseudônimo Stan Lee. No mesmo ano, com pouco mais de 18 anos, Lee assumiu como diretor interino. O tino para os negócios o levou a permanecer como redator-chefe da divisão de revistas em quadrinhos, bem como diretor de arte durante grande parte desse tempo.

Em 1942, sua vida tomaria outro rumo com o ingresso no Exército dos Estados Unidos, onde trabalhou na Divisão de Filmes de Treinamento, escrevendo manuais, filmes de treinamento, slogans e, ocasionalmente, desenhando. Lee retornou do serviço militar somente em 1945, ao final da guerra. Na época, apesar de ter assinado algumas histórias sob o selo da Atlas Comics, a carreira como quadrinista ainda não havia realmente deslanchado, e Lee começava a cogitar uma mudança de profissão. 

Porém, em meados dos anos 50, o editor Martin Goodman pediu que Lee criasse uma nova equipe de super-heróis que pudesse competir com o sucesso da Liga da Justiça, da rival DC Comics. A esposa de Lee o aconselhou a criar histórias que lhe interessassem, já que não tinha nada a perder. Lee aceitou o conselho e deu aos seus super-heróis uma humanidade defeituosa, uma mudança dos arquétipos ideais que eram tipicamente escritos para pré-adolescentes. Até então, a maioria dos super-heróis era idealmente perfeita, sem problemas sérios e duradouros. Lee revolucionou ao introduzir personagens complexos e naturalistas que poderiam ser melancólicos e vaidosos, brigavam entre si e se preocupavam em pagar as contas e impressionar as namoradas.

O historiador de histórias em quadrinhos Peter Sanderson escreveu que na década de 1960:
“A DC era o equivalente dos grandes estúdios de Hollywood: após o brilhantismo da reinvenção de DC do super-herói ... no final dos anos 1950 e início dos anos 1960, havia se deparado com uma seca criativa no final da década. Havia uma nova audiência para os quadrinhos agora, e não eram apenas as criancinhas que tradicionalmente liam os livros. A Marvel dos anos 1960 foi, à sua maneira, o equivalente à Nouvelle Vague francesa. A Marvel foi pioneira em novos métodos de contar histórias e caracterização de quadrinhos, abordando temas mais sérios e, no processo, mantendo e atraindo leitores em sua adolescência e além.”
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Juntamente com o artista Jack Kirby, Lee criou o Quarteto Fantástico, baseado na antiga equipe de super-heróis de Kirby, Challengers of the Unknown, publicada pela DC Comics. A popularidade imediata da equipe levou Lee e os ilustradores da Marvel, antiga Atlas Comics, a produzirem uma série de novos títulos. Novamente trabalhando com Kirby, Lee co-criou o Hulk, Thor, Homem de Ferro e os X-Men; com Bill Everett, criou o Demolidor; com Steve Ditko, o Doutor Estranho e o personagem de maior sucesso da Marvel, o Homem-Aranha, todos dentro de um universo compartilhado. Em seguida, Lee e Kirby reuniram vários de seus personagens recém-criados no título de Os Vingadores e resgataram personagens dos anos 1940, como Namor, o Príncipe Submarino e o Capitão América. 

Ao longo da década de 1960, Lee escreveu, dirigiu e editou a maior parte da série da Marvel. Para manter sua carga de trabalho e cumprir prazos, Lee usou um sistema usado anteriormente por vários estúdios de quadrinhos, mas que devido ao seu sucesso, ficou conhecido como o "Método Marvel". Tipicamente, Lee discutia uma história com os desenhistas e preparava uma breve sinopse ao invés de um roteiro completo. Com base na sinopse, o desenhista preenchia o número de páginas necessário, desenhando a narrativa de painel a painel. Depois, Lee escrevia a o texto nos balões e supervisionava as letras e as cores.

Após a saída de Ditko da Marvel em 1966, John Romita Sr. tornou-se colaborador de Lee em O Espetacular Homem-Aranha, que em um ano, tomou o lugar do Quarteto Fantástico como o principal título da empresa. As histórias de Lee e Romita se concentravam tanto nas vidas sociais e universitárias dos personagens quanto nas aventuras do Homem-Aranha. Nesta época, as histórias passaram a referenciar questões como a Guerra do Vietnã, eleições políticas e ativismo, além de personagens que se tornariam centrais à Marvel, como o Pantera Negra - um rei africano que se popularizou como o primeiro super-herói negro.

Em 1972, Lee parou de escrever revistas em quadrinhos mensais para assumir o papel de editor. Sua colaboração final com Jack Kirby, The Silver Sufer: A Ultimate Cosmic Experience, foi publicada em 1978 como parte da série Marvel Fireside Books e é considerada a primeira graphic novel da Marvel. Nos anos seguintes, Lee se tornou uma figura pública para a Marvel Comics e se mudou para a Califórnia em 1981 para desenvolver as propriedades televisivas e cinematográficas da Marvel. Desde então, foi produtor executivo e fez aparições em dezenas de adaptações de suas criações para o cinema. 

Ocasionalmente, Lee retornou aos quadrinhos, escrevendo para obras desenhadas por diversos quadrinistas famosos, como o artista francês Mœbius. Lee foi brevemente presidente da Marvel, mas em seguida se afastou para se tornar editor, retomando contato com o processo criativo de tanto gostava.

Em 1994, foi introduzido no Hall da Fama do Prêmio Will Eisner da indústria de quadrinhos e no Jack Kirby Hall of Fame no ano seguinte. Lee também recebeu uma Medalha Nacional de Artes em 2008. Seu último trabalho, a graphic novel digital “God Woke”, com texto baseado em um poema que apresentou no Carnegie Hall em 1972, foi apresentada na na Comic Con International 2016. A versão impressa da obra ganhou em 2017 o prêmio “Outstanding Books of the Year” do Independent Voice Award.

Stan Lee deixou um legado inestimável ao universo do entretenimento e cultura pop, trazendo humanidade à histórias fantasiosas e mostrando que podemos encontrar o heroísmo que vemos nas páginas de quadrinhos nas ações mais cotidianas, basta que olhemos para dentro de nós mesmos.

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