Destaque do Festival de Sundance em janeiro, A Ghost Story, romance fantasmagórico estrelado por Rooney Mara e Casey Affleck tem chamado a atenção de público e crítica por diversas razões: traz em seu cartaz o último vencedor do Oscar de melhor ator, o controverso Casey Affleck coberto por um lençol de fantasma em raro tom de melancolia combinada com humor negro; Todavia, o que mais interessa neste filme é o teor poético-filosófico, bem dosado pela mão do competente diretor britânico David Lowery. Mesmo que o espectadore não seja apreciador do que costumamos chamar de cinema contemplativo, ele pode refletir e ainda se divertir assistindo a obra.
Terno e singelo, A Ghost Story também é denso e de forte caráter ensaístico. Para contar a história de um casal que tem seu amor interrompido por um acidente que tira a vida do marido, o diretor também explana sobre nossa percepção de tempo, vida, morte e entropia. Do mesmo modo que pessoas e coisas se perdem no decorrer da história, também é possível encarar todos estes fatos como uma construção.
Mais um (bom) título do selo A24 (Moonlight, A Bruxa, O Quarto de Jack, Ao Cair da Noite etc) que será discutindo por um bom tempo, e quem sabe, concorra na temporada de premiações por roteiro original. A Ghost Story apresenta o que o cinema tem de melhor: usar sua proximidade com o fantástico para que o público se questione e reflita sobre a sua natureza.