O que é um filme independente?

Nós já falamos diversas vezes aqui no blog e você provavelmente já deve ter ouvido essa expressão em outros lugares, mas o que faz um filme ser categorizado como independente? Nem mesmo quem está na indústria cinematográfica sabe definir ao certo esse tipo de filme, e vários aspectos podem ser levados em consideração, desde a forma como a produção é feita até como ela é financiada. Seja como for, esse debate está em alta.

A definição mais comum para um filme independente é: toda e qualquer produção feita fora dos grandes estúdios de Hollywood. Por “grandes estúdios” consideramos os que produzem, financiam e distribuem a maioria dos blockbusters que vemos encher as salas de cinema. Segundo a Forbes, em 2015, os seis maiores estúdios eram, respectivamente: a Disney, a NBC Universal, a 20th Century Fox, a Warner Bros., a Sony e a Paramount – cada uma com receitas e lucros bilionários.

Para alguns, no entanto, o fato da produção ser feita fora dos grandes estúdios não é suficiente para ser categorizada como indie – abreviação da palavra “independente” em inglês. Se levarmos em conta apenas esse fator, parte da franquia de Star Wars, financiada pelo próprio diretor e feita pela Lucasfilm, seria considerada independente mesmo com um orçamento milionário. É no orçamento que está uma das grandes controvérsias do termo. 
O Pequeno Fugitivo (1953) foi o primeiro filme independente reconhecido com uma indicação ao Oscar 
Para John August, roteirista de A Fantástica de Fábrica de Chocolates, o termo “independente” deve ser empregado em relação ao filme por si só e não pelo seu financiamento. Em seu site, John escreve que as produções indie estão “em oposição ao sistema dos estúdios, que tem uma necessidade implacável de amarrar as pontas e suavizar os golpes”. 

No entanto, essa visão contra-hegemônica sobre essas produções é contestada por muitos no meio cinematográfico, como é o caso do diretor Alan Rudolph (O Despertar do Desejo). Para ele, “se você é contra o sistema, por definição, você faz parte do sistema. Eu não acho que independente signifique ser contra o sistema, mas você é sempre dependente do dinheiro”.

A hesitação em abraçar os filmes alternativos como revolucionários vem da história do surgimento do próprio sistema hollywoodiano. No ano de 1908, um acordo entre as grandes companhias de cinema da época criou uma grande restrição de comércio para empresas menores que não estavam nas negociações. Acuadas, essas empresas, antes centradas em Nova York, foram buscar refúgio do outro lado do país, em Hollywood. Lá, esses estúdios – que desde então já levavam os nomes Fox, Paramount, Warner, etc. – estabeleceriam um novo sistema que, alguns anos mais tarde, já estaria desagradando os artistas da época.
"O Lado Bom da Vida" foi centro de uma polêmica com relação ao que é ser um filme independente
Nos últimos anos, o debate sobre que é um filme independente esquentou com a ramificação dos grandes estúdios. O surgimento da Fox Searchlight Pictures, da Paramount Vantage e da Sony Pictures Classics – todas com o intuito de produzir filmes autorais e “independentes” – deixou a discussão ainda mais confusa. Essa polêmica todo ano se renova quando premiações como a Independent Spirit Awards premia filmes desses novos estúdios - como foi em 2013, quando "O Lado Bom da Vida", de David O. Russell, ganhou a categoria principal.
O clássico independente A Noite dos Mortos Vivos (1968) redefiniu o gênero de terror e a forma como zumbis são retratados 
Uma coisa é certa: o atrativo do mercado independente sempre foi sua natureza subversiva. Desde meados do século passado, as produções indie sempre apresentaram um conteúdo considerado arriscado. Isso não desvincula esse tipo de produção do baixo orçamento: quanto mais arriscado for um conteúdo, menos chances ele tem de receber um grande financiamento. Para muitos, é esse “espírito independente” que categoriza esse tipo de filme, por mais subjetivo que esse requisito possa ser. 

Se você ainda não está satisfeito, a Lights Film School – focada no ensino a distância de cinema visando o mercado independente – fez um post explicando toda essa confusão em detalhes e ainda tentou, de forma bem sucinta, distinguir os tipos de filmes de acordo com todos esses aspectos em três categorias:

1.Os blockbusters produzidos pelos grandes estúdios atuais e filmes produzidos fora deles, mas que tenham um orçamento superior a cem milhões de dólares. Exemplos: toda a franquia de Star Wars e os atuais filmes de super-heróis. 

2. Filmes independentes produzidos pelos estúdios subsidiários que são raramente feitos com um orçamento maior que 20 milhões de dólares. Estes já seriam elegíveis a premiações destinadas ao mercado independente. Exemplos: O Lado Bom da Vida, 12 Anos de Escravidão e O Jogo da Imitação. 

3. Filmes independentes produzidos por estúdios pequenos ou produtores livres, raramente ultrapassando os 10 milhões de dólares. Exemplos: Donnie Darko, filmes em que a distribuição se resume aos festivais e, no caso brasileiro, os filmes produzidos por leis de incentivo. 

E aí, o que você acha dessa confusão toda?
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