Dia 19 de Junho é Dia do Cinema Brasileiro! Como amantes confessos e em homenagem à data, listamos 25 filmes, de diferentes épocas e gêneros, que ilustram a diversidade e riqueza de nossas produções.
Cultura vasta e plural que encontra no cinema uma
forma de expressão. Sim, nós produzimos e continuamos produzindo obras
encantadoras. Há uma imensidão de filmes a seres explorados para além
das grandes bilheterias, e a internet vem nos ajudar no acesso a estas
obras, muitas vezes relegadas a um papel coadjuvante.
Dedicamos esta
lista tanto a quem está dando seus primeiros passos no conhecimento do
Cinema Brasileiro como a quem já tem por ele um grande apreço. Ao final,
deixe também suas sugestões!
1. O Lobo Atrás da Porta
(Fernando Coimbra, 2013)
Pérola recente do cinema brasileiro, premiado nacional e
internacionalmente, O Lobo Atrás da Porta - longa de estreia do
promissor Fernando Coimbra - inspira-se no famoso caso policial da Fera
da Penha pra criar um suspense dramático de final assustador.
Protagonizado por uma Leandra Leal madura, o longa encontra grande força
na individualização de seus personagens e mantém-se envolvente em toda
sua duração.
2. Doméstica
(Gabriel Mascaro, 2012)
Documentário essencial do prodígio cineasta pernambucano
Gabriel Mascaro (Um Lugar ao Sol, Ventos de Agosto). Foram entregues
câmeras a sete adolescentes para que registrassem sua empregada
doméstica por uma semana, e o resultado expõe as relações de trabalho no
ambiente familiar com um olhar intimista que se converte, em muitos
relatos, como este, em uma experiência inquietante.
3. Elena
(Petra Costa, 2012)
Dirigido por Petra Costa em memória à sua irmã, Elena é um
documentário poético com uma linguagem bem intimista e própria,
intercalando arquivos pessoais com belíssimos textos e imagens. Além de
toda a viagem reconstruindo os passos de Elena, o documentário ainda dá
margem a um olhar delicado sobre o suicídio. Passou por diversos
festivais e foi ovacionado em sessões mundo afora.
4. O Som ao Redor
(Kleber Mendonça Filho, 2012)
O prolífico cenário cinematográfico
pernambucano vem produzindo obras grandiosas. Entre elas está o premiado
"O Som ao Redor", o primeiro longa de Kleber Mendonça Filho (Aquarius), que se
consagrou na função de crítico, na realização de curtas e média
metragens ficcionais e documentais e no gerenciamento do Cinema da
Fundação em Recife.
O filme
lança um olhar sobre a ascendente classe média brasileira, seus medos e
anseios. Ainda que ambientado em Recife, a trama retrata uma realidade
do cenário urbano das grandes cidades do país. O reconhecimento
internacional ajudou a projetá-lo no mercado interno, mas a obra teve,
infelizmente, uma distribuição modesta.
5. O Palhaço
(Selton Mello, 2011)
“Eu faço todo mundo rir, mas quem é que vai me fazer rir?”
O
segundo longa de Selton Mello (Feliz Natal, 2008) narra a crise do
palhaço Benjamim (papel que foi cotado para Wagner Moura e Rodrigo
Santoro, mas que devido à agenda cheia dos atores, ficou com o próprio
Selton), do itinerante Circo Esperança, que acredita ter perdido a
graça. O diretor e ator comentou que a ideia para o filme veio de uma
crise na carreira de ator vivida em 2009.
6. As Melhores Coisas do Mundo
(Laís Bodanzky, 2010)
Poucos filmes conseguiram abordar tão bem a fase da adolescência como esta obra de Laís Bodansky (Bicho
de Sete Cabeças). Fase de transformações, dúvidas, descobertas, amores e
primeiras experiências sexuais. Clichês aqui são não só bem vindos como
necessários a uma trama honesta que emociona e diverte. Preciosidade e
grata surpresa de nosso cinema.
7. Jogo de Cena
(Eduardo Coutinho, 2007)
Com um simples anúncio em um jornal, Eduardo Coutinho nos
convida a um jogo em que atrizes interpretam mulheres "comuns" atuando.
Todas as histórias são narradas por mulheres e trazem casos dramáticos
de força e persistência.
O diretor mais uma vez se reinventa e
consegue quebrar barreiras entre a verdade e a ficção, brincando com a
curiosidade do espectador e com a regra da representação da verdade do
gênero documental.
8. Estômago
(Marcos Jorge, 2007)
Com histórias em momentos diferentes contadas simultaneamente,
Estômago vai ganhando corpo enquanto conhecemos e somos cativados pelo
personagem Nonato (João Miguel), tal como as pessoas a seu redor foram. Nonato foi
para a cidade grande buscar uma vida melhor, e lá conseguiu o trabalho
de faxineiro em um bar. Seu talento para a cozinha foi reconhecido pelo
dono de um restaurante italiano, que o contrata para desenvolver seus
dotes culinários. A história então se desenrola sem caminhar para uma
romantização típica de filmes de culinária. O prazer e a arte de
cozinhar estão ali, coroados com uma bela trilha, mas os contrastes
sociais dão outro tom para este excelente filme.
9. O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias
(Cao Hamburguer, 2006)
Cao Hamburger, que já havia ganhando experiência e reconhecimento na
direção da série Castelo Rá-Tim-Bum, tem em mãos um tema delicado.
Abordar questões de grande relevância histórica – a ditadura militar –
pela ótica de uma criança. Sua experiência na direção de elenco mirim
foi sem dúvidas determinante para se chegar a um resultado tão bem
executado. Poucos filmes obtiveram êxito em abordar esta temática com
tamanha sutileza.
10. Cinema, Aspirinas e Urubus
(Marcelo Gomes, 2005)
"- Esse lugar é pobre e seco.
- Pelo menos, não caem bombas do céu".
Nos anos 40, um alemão refugiando-se da 2ª Guerra Mundial vendendo
aspirinas no interior do Brasil e um nordestino querendo sair daquele
“fim de mundo onde nem a bomba chega” compartilham uma viagem pelo
sertão nordestino, muito bem representado em uma fotografia crua e
intencionalmente estourada. Este Road Movie convidativo conquista por
sua simplicidade.
11. Edifício Master
(Eduardo Coutinho, 2002)
Uma das obras-primas do gênero documental no Brasil, a ideia do
filme é muito simples. Durante 3 semanas, o cineasta Eduardo Coutinho e
sua equipe ficaram hospedados num tradicional edifício em Copacabana,
que abriga diversas famílias de classe média. Nessas 3 semanas, Coutinho
entrevistou diversos moradores, que contaram para a câmera suas
histórias de vida, trajetórias, dores e conquistas, mostrando a
complexidade e particularidade do ser humano, cada um um pequeno
universo no mosaico da vida. O resultado é uma experiência única e
emocionante. Imperdível!
12. Bicho de Sete Cabeças
(Laís Bodansky, 2001)
O primeiro longa ficcional de Laís Bodanzky, que permanece como um
dos grandes nomes da direção no país, foi um dos principais holofotes
para a então promissora carreira de Rodrigo Santoro - que de uns anos
para cá vem se consagrando no cenário internacional. A produção teve dificuldade para conseguir financiamento
para o filme devido à sua temática, que envolve drogas e um hospital
psiquiátrico. A obra ajudou a trazer o debate em torno dos métodos de
tratamento destas instituições.
13. Lavoura Arcaica
(Luiz Fernando Carvalho, 2001)
Com quase 3 horas de duração, Luis Fernando Carvalho, diretor da
telenovela O Rei do Gado, encontra sutileza e imagens poéticas para
adaptar o romance de Raduan Nassar, de onde maior parte das falas foi
mantida. Simbolismos e metáforas preenchem a poesia visual que encantam e
comovem por sua beleza, fotografada magistralmente por Walter Carvalho,
que utiliza dramaticamente o jogo contrastante de luz e sombra.
14. Abril Despedaçado
(Walter Salles, 2001)
Depois do aclamado Central do Brasil (1998), Walter Salles retoma sua
parceria com o diretor de fotografia Walter Carvalho na adaptação do
romance do escritor albanês Ismail Kadaré adaptado por Karim Aïnouz
(Praia do Futuro) e protagonizado por Rodrigo Santoro, que alavancou sua
carreira internacional após esse longa.
O grande fator do sucesso
de Abril Despedaçado se deve à exímia habilidade no olhar de um Walter
Carvalho mais maduro, e da equipe de arte, liderados por Cássio
Amarante, que trouxeram a aridez do local e dos personagens à tona. As
questões de honra, tradição e vingança em um sertão nos anos 20 mostram
um lado do país que mesmo muitos anos depois consegue perdurar até hoje.
15. Terra Estrangeira
(Walter Salles, 1996)
Coprodução Brasil/Portugal, Walter Salles divide a direção do poético
Terra Estrangeira com Daniela Thomas. Com Fernando Alves Pinto,
Fernanda Torres, Laura Cardoso e Alexandre Borges no elenco, o filme se
passa nos anos 90, em meio a crise da era Collor, quando Paco, após a
morte da mãe, decide viajar para Portugal e se envolve em um esquema de
contrabando. A inquietante sensação de não pertencimento em uma terra
estrangeira dá o tom do filme visualmente impecável (Walter Carvalho
agindo mais uma vez), e abraça a voz de Gal Costa com seu "Vapor
Barato".
16. A Hora da Estrela
(Suzana Amaral, 1985)
Adaptação do romance de Clarice Lispector (bem antes de sua
popularização), o universo muito particular de Macabéa ganha as telas
com uma simplicidade encarnada pela talentosa Marcelia Cartaxo, premiada
no Festival de Berlim e Brasília. O entrosamento entre a atriz e o ator
José Dumont garantem uma empatia instantânea. A Hora da Estrela é um
filme ímpar, com participação especial de Fernanda Montenegro e direção
de Suzana Amaral.
17. Eles Não Usam Black-Tie
(Leon Hirszman, 1981)
“15 anos de ditadura é fogo, marca a gente”.
Ambientado no início dos anos 80, quando os movimentos
sindicais ganham força no Brasil, o filme do talentoso Leon Hirszman
problematiza questões político-sociais vigentes. Uma família dividida. O
pai Otávio, velho militante que já havia sido preso, encabeça novo
movimento sindical enquanto o filho Tião, preocupado com o emprego e o
casamento, decide furar a greve e denunciar os envolvidos. Com um elenco
afiado – Bete Mendes visceral – “Eles Não Usam Black-Tie” se mantém um
filme indispensável.
18. Pixote
(Hector Babenco, 1980)
Dirigido por Héctor Babenco, argentino naturalizado brasileiro,
Pixote é um filme cru, violento e chocante, que aborda uma realidade do
Brasil pouco vista, e discute falhas no sistema através dos olhos de um
garoto. O filme foi um marco nacional, ganhou diversos prêmios
nacionais e internacionais e ainda nos apresentou Fernando Ramos da
Silva, o jovem ator que interpreta Pixote, cuja trágica história real de
vida virou filme mais tarde.
19. O Bandido da Luz Vermelha
(Rogerio Sganzerla, 1968)
Rogério Sganzerla, então crítico estreante na direção, revolucionou
conceitos estéticos do cinema que se produzia no Brasil nos anos 60,
sendo o expoente máximo do que se intitula “cinema marginal”, em
sintonia com a cultura marginal que explodiu no país na época, da música
a literatura. Com escárnio, deboche e verborragia, Sganzerla bebe muito
do cinema produzido por Godard e Welles, que se encontram homenageados
nesta obra. Um dos mais importantes filmes de nosso cinema.
20. São Paulo S/A
(Luís Sérgio Person, 1965)
21. Deus e o Diabo na Terra do Sol
(Glauber Rocha, 1964)
Marco do movimento do Cinema Novo, o filme dirigido por Glauber
Rocha foi indicado à Palma de Ouro em Cannes, e tornou-se um clássico
nacional ao mostrar uma história com personagens enraizados na cultura
local - o sertão nordestino. Apresentando uma linguagem inovadora e
tratando de questões sociais, tema caro ao movimento que buscava
encontrar no cinema uma forma de revolução social, Deus e o Diabo na
Terra do Sol é uma das maiores obras já produzidas em nosso cinema.
22. Vidas Secas
(Nelson Pereira dos Santos, 1963)
Clássico da literatura, de Graciliano Ramos, Vidas Secas ganhou as
telas com direção de Nelson Pereira dos Santos, um dos mais importantes
cineastas do Cinema Brasileiro. Com forte influência neorrealista, o
filme traz a realidade dura e desoladora, pela lente crua de Luiz Carlos
Barreto, da família de retirantes e sua cadela Baleia (que teve de ser
levada ao Festival de Cannes – onde o filme recebeu indicação em 64 –
para mostrar que ela não havia sido maltratada, vide a força das
imagens) pelo sertão nordestino. O filme é também um dos expoentes do
movimento do Cinema Novo no Brasil.
23. O Pagador de Promessas
(Anselmo Duarte, 1962)
Obra prima do Cinema Brasileiro, O Pagador de Promessas sobreviveu
muito bem ao tempo e permanece atual. Tendo em seu cerne conflitos
plurais de uma vasta cultura miscigenada como a brasileira, Anselmo
Duarte, que impressionou ao voltar de Cannes com a vitória do filme a
Palma de Ouro, parte da adaptação da peça teatral de Dias Gomes. A
princípio um enredo extremamente simples: Zé do Burro é um homem humilde
do interior que ao ver seu Burro adoecer faz uma promessa de repartir o
pouco que tem com os mais pobres e carregar uma pesada cruz até uma
igreja em Salvador. A partir daí afloram inúmeras questões como
intolerância religiosa, o sensacionalismo da mídia e conflitos rurais e
urbanos.
24. Maria 38
(Watson Macedo, 1959)
Com roteiro e direção de Watson Macedo – cineasta que alavancou
a popularidade de Grande Otelo e Oscarito – a comédia policial ‘Maria
38’ ganha destaque pelo protagonismo feminino, pouco usual na época.
Maria é uma vigarista da Lapa que finge ser babá para por em prática o
plano de sequestrar o filho de uma família de classe alta. Nesse meio
tempo, ela acaba por criar laços com o menino e precisa evitar o
sequestro sem ser descoberta.
25. A Grande Vedete
(Watson Macedo, 1958)
Vedete. “1. Mulher que canta e dança
em teatros-revistas e musicais. 2. atriz principal de espetáculo teatral
ou cinematográfico”.
O nome
não poderia ser mais literal. Dercy Gonçalves, a rainha do palco que
conquistou o país, também fez uma extensa e notória carreira em
produções cinematográficas, em especial nos anos 50. No cômico ‘A Grande
Vedete’, também de Watson Macedo, Dercy interpreta uma vedete que após
anos de muito sucesso, começa a ver sua idade pesar enquanto uma nova
geração de dançarinas surge.
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