Missão Impossível: Efeito Fallout (2018) - Uma Franquia Incansável


Na sequência de abertura de Missão Impossível: Efeito Fallout, Ethan Hunt (Tom Cruise) é avisado por uma gravação, escondida dentro de uma cópia do clássico Odisseia, que a sua nova missão - caso ele aceite - será impedir que os “Apóstolos”, um grupo de terroristas fiéis aos ideais de Solomon Lane (Sean Harris), vilão do filme anterior, adquiram plutônio, ingrediente-chave para a fabricação de bombas atômicas.

A comparação de Ethan Hunt com Odisseu não é à toa, afinal, assim como o herói grego, a jornada do agente secreto do IMF é marcada por erros e “punições do destino” - seja a clemência com o vilão que agora busca um acerto de contas ou a impossibilidade de viver uma vida normal com sua esposa.

O retorno destes dois elementos já explorados na franquia poderiam ser um indicativo de fadiga criativa dos roteiristas, mas é uma escolha consciente e acertada do diretor Christopher McQuarrie, que revitalizou a série com o excelente Missão Impossível - Nação Secreta (2015) e opta por se afastar definitivamente do formato “episódico” da franquia, criando uma série de eventos que derivam diretamente do filme anterior, envolvendo novamente personagens como a enigmática agente Ilsa Faust (Rebecca Ferguson) na nova missão de Hunt.

Testando mais uma vez a determinação e os limites de Hunt, a trama segue o exemplo do filme anterior e coloca no seu caminho personagens que desafiam a dualidade de “mocinhos” e “bandidos” - uma sedutora negociante de armas (Vanessa Kirby), a desconfiada chefe da CIA (Angela Basset) e Agust Walker (Henry Cavill), um agente com métodos e motivações próprias.

Em um determinado momento, um dos personagens pergunta a outro como está Ethan Hunt. A resposta é “melhor que nunca.” e também serve como uma metalinguagem da confiança do estúdio e do diretor na franquia, que assim como seu protagonista, não dá sinais de cansaço. A prova disso está na inabalável convicção de Cruise em dispensar dublês e realizar todas as cenas perigosas, um diferencial que segue sendo muito bem explorado nas enormes sequências de ação, que equilibram bem a tensão crescente e o humor visual, algo que afasta o longa da fórmula do “alívio cômico” forçado de tantas outras franquias blockbusters.

Como exemplo máximo do gênero de ação e espionagem, o filme serve um pouco de tudo com excelência técnica e um ritmo alucinante, desencadeando uma sequência de eventos que vai desde uma brutal luta corpo-a-corpo em um banheiro de uma boate parisiense até uma tensa perseguição de helicóptero nas montanhas da Caxemira. No caminho, claro, os tradicionais tiroteios, perseguições, destruição e quedas - dentre elas, o já famoso e amplamente divulgado salto no qual Cruise quebrou o tornozelo e obrigou a suspensão das filmagens por dois meses.

A bem-humorada escolha de manter o plano que registrou a lesão de Cruise é um reconhecimento ao esforço do astro, mas também funciona como uma autoavaliação da própria franquia, reconhecendo seus méritos e dizendo para si mesma - e para o público - que o esforço segue compensando, e, se depender do seu anacrônico Odisseu, nenhuma missão será impossível.

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