Sicário: Dia do Soldado (2018) - À Sombra do antecessor

Sicario: Dia do Soldado (2018) é a sequência de Sicario (2015), ótimo filme dirigido por Denis Villeneuve e estrelado por Emily Blunt, que optaram por não retornar para a sequência. No lugar de Villeneuve, entra o pouco conhecido diretor Stefano Sollima; já o protagonismo de Blunt é dividido aqui pelos coadjuvantes do primeiro filme, os “soldados” do título - Alejandro Gillick (Benício Del Toro) e Matt Graver (Josh Brolin).

O que reúne os personagens desta vez é a execução de uma ação militar ultrassecreta cujo objetivo é causar uma guerra interna entre os cartéis de drogas que controlam a fronteira do México com os Estados Unidos, de modo a refrear o tráfico humano e o avanço do terrorismo no território norte-americano.

A sequência, ciente da sombra do filme original, se preocupa em emular diversos aspectos do mesmo, especialmente no âmbito estético, com uma trilha sonora tensa e uma direção de fotografia extremamente bem executada pelo veterano Dariusz Wolski, porém sem identidade própria quando comparada à do primeiro longa. 

As semelhanças, no entanto, acabam por aí - no lugar do discurso politizado do primeiro filme, cuja abordagem centrada no conflito ético da protagonista trazia um tom mais caloroso e empático à narrativa, entra uma abordagem mais interessada em mostrar um enorme jogo de xadrez, cujas peças são todas acinzentadas e amorais - não há mais arco dramático ou um protagonista definido - algo que funciona bem no primeiro e segundo ato do roteiro de Taylor Sheridan - conhecido por escrever o premiado A Qualquer Custo (2016), porém cobra seu preço na conclusão da trama, que revela um interesse aparentemente deslocado em deixar pontas soltas para uma possível sequência de uma nova franquia.

Os pontos fortes da obra ficam por conta do elenco, que consegue aproveitar o pouco material que tem para desenvolver seus personagens e entrega boas atuações; e da montagem segura de Matthew Newman - colaborador frequente de Nicolas Winding Refn - que chama atenção pela precisão com que organiza e mantém o ritmo da complexa narrativa, sem nunca torná-la confusa. O saldo final é um filme funcional e tecnicamente bem executado, porém sem a substância e a expertise que levaram o original a ser considerado um melhores filmes da década.

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