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Jogador Nº 1 é o retorno do aclamado Steven Spielberg ao nicho cinematográfico que ele mesmo ajudou a criar - os blockbusters direcionados ao público infanto-juvenil, desta vez adaptando o livro homônimo de Ernest Cline. A obra se passa em um distópico 2045 e acompanha Wade Watts (Ty Sheridan, de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido), um arquetípico protagonista pobre e órfão de 17 anos que encontra uma forma de escapismo no mundo virtual online OASIS, onde compete com outros milhões de jogadores por itens e moedas. Sua missão é buscar as três pistas que o falecido criador do sistema, James Halliday (Mark Rylance), deixou dentro do jogo, prometendo ao vencedor o controle sobre o OASIS e sua empresa multimilionária, algo que desperta o interesse do inescrupuloso magnata Nolan Sorrento (Ben Mendelsohn).
O grande trunfo do filme é apostar na identificação do público com o universo do OASIS, que é povoado por avatares que representam aquilo que cada jogador mais almeja ser ou mais ama lembrar. É este vínculo com a realidade que faz com que as espetaculares cenas de ação, repletas de CGI, sejam tão divertidas e envolventes, nostalgizando um estilo de fantasia visual rica e narrativa mais simples (e talvez até clichê) que se perderam após a década de 90, onde o lúdico e inocente perdeu espaço para histórias artificiais, enlatadas e praticamente indistinguíveis.
Spielberg está claramente à vontade nesse universo, já que não somente entendes suas infindáveis referências (Indiana Jones, De Volta para o Futuro, O Iluminado, O Gigante de Ferro, entre tantos outras que recompensam os fãs de easter eggs), como ajudou a criá-las direta ou indiretamente ao transformar a cultura pop há quatro décadas. O diretor se entrega à nostalgia da mesma forma que seus personagens e homenageia os então jovens diretores surgidos nos anos 70, que revolucionaram a indústria cinematográfica americana, invertendo a dinâmica de poder criativo com os grandes produtores e deram espaço (e verba) para a fantasia e ficção científica, criando imagens que até então eram registradas apenas nas páginas das histórias em quadrinhos ou em literaturas como as homenageadas por Cline.
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Por conta deste bem sucedido casamento entre o diretor e a obra adaptada, roteirizada pelo veterano Zak Penn e pelo próprio Ernest Cline (sem esquecer a trilha sonora de Alan Silvestri, figura importantíssima para vários blockbusters oitentistas), Jogador Nº 1 se sobressai em relação à outros tantos blockbusters recentes, a maioria vítimas de uma já familiar e desinspirada colagem de referências pop nostálgicas. Aqui, a nostalgia é uma parte inalienável da trama, e serve não só como mero entretenimento, mas também cria uma reflexão sobre a sociedade que somos hoje e podemos potencialmente nos tornar - hiper conectados, mas distantes de uma necessária humanidade.