10 filmes com a temática lésbica


A década de 60 foi um momento decisivo para o cinema ocidental. Com a descriminalização da homossexualidade no Reino Unido e a revolta de Stonewall nos Estados Unidos, a representação LGBTQ ganhou mais força no meio cinematográfico. Ainda assim, como já falamos nesse outro post, até hoje ainda há uma carência grande de representatividade dentro do próprio cinema queer. Grandes filmes como Azul É a Cor Mais Quente (2013) e Carol (2015) são marcos importantes e merecem ser citados aqui, mas constituem apenas a pequena parte das produções que obteve sucesso comercial.

Ofuscadas pela grande maioria de filmes lidando com dramas gays e transexuais, as mulheres homossexuais do cinema ainda têm que enfrentar algo que vai além da descriminação: a objetificação por parte da sociedade. O predominante olhar cinematográfico masculino encara um romance lésbico apenas como fetiche, resultando num retrato vazio e prejudicial. Foi pensando nisso que a maior parte dessa lista apresenta mulheres na direção e no roteiro. Confira os 10 filmes que selecionamos com a temática:


1) The Killing of Sister George

The Killing of Sister George | Robert Aldrich | Reino Unido | 1968
Uma cena de sexo lésbico num filme comercial dos anos 60 parece algo impossível de acontecer, mas aconteceu! Apesar de ter caído no esquecimento pelo seu fracasso na bilheteria, essa produção britânica é quase uma pedra angular para a representatividade lésbica nas telonas. O drama surpreende pelo seu enredo, que não gira em torno da orientação sexual das protagonistas, e pelas personagens, que mesmo baseadas em estereótipos, não se prendem a eles. O filme é uma adaptação da peça teatral de mesmo nome e gerou polêmica na época de seu lançamento.


2) Dyketactics

Dyketactics | Barbara Hammer | EUA | 1974
Em meio aos movimentos de contracultura da década de 60, Barbara Hammer surgiu como uma figura pioneira para o feminismo e para o cinema lésbico mundial. Tendo dirigido mais de 80 filmes durante sua vida, Hammer tratou de várias questões ligadas ao universo feminino em seus curta-metragens, desde os papéis de gênero na sociedade até os dramas mensais da menstruação. Nesse curta experimental, ela explora os desejos e as estéticas da lesbianidade. O título brinca com o termo "dyke", que era usado pejorativamente para se referir às lésbicas, principalmente aquelas com características consideradas masculinas.



3) Eu, Você, Ele, Ela

Je Tu Il Elle | Chantal Akerman | Bélgica | 1974
Chantal Akerman é um nome importante para a história das mulheres no cinema. Revolucionando a forma como as personagens femininas são retratadas em tela, a diretora belga é considerada uma das primeiras a romper com o male gaze – o olhar masculino objetificante utilizado para retratar mulheres em filmes. Nesta produção, Akerman assume o papel da protagonista Julie, que decide se isolar completamente do mundo exterior.


4) Almas Gêmeas

Heavenly Creatures | Peter Jackson | Reino Unido/Nova Zelândia | 1994
Almas Gêmeas foi baseado na trágica relação de amor e obsessão do caso de Pauline Parker e Juliet Hulme. Ao serem impedidas de se encontrarem, as duas jovens conspiraram para matar a mãe de uma delas. O roteiro se baseia nos diários pessoais de Pauline e foge do estereótipo de retratar personagens queer como vilões excêntricos. A essência do enredo está no escapismo que muitos jovens LGBT recorrem para enfrentar a realidade opressora. Essa essência é demonstrada através do conto medieval que Parker e Hulme escrevem e vivem em suas mentes. A produção deixou o diretor Peter Jackson internacionalmente famoso, além de ter sido a estreia da atriz Kate Winslet nos cinemas. 


5) Ligadas Pelo Desejo

Bound | Lana e Lilly Wachowski | EUA | 1997
Escrito e dirigido pelas Irmãs Wachowski, este foi o primeiro gostinho do sucesso que a dupla experimentou antes da saga Matrix. O neo-noir conta a conspiração de uma prostituta e uma ex-presidiária para enganar um mafioso. Ele é considerado o Brokeback Mountain dos filmes lésbicos, já que foi um dos primeiros com a temática a estourar comercialmente. A principal preocupação das irmãs, que naquela época ainda não tinham se assumido transexuais, era fugir do male gaze. Para isso, elas chamaram Susie Bright, uma escritora feminista de renome, para ser consultora do roteiro. 


6) Nunca Fui Santa

But I’m a Cheerleader | Jamie Babbit | EUA | 1999
A comédia romântica é uma sátira ao conservadorismo da sociedade patriarcal, girando em torno de um assunto bem obscuro: a terapia de reorientação sexual. Preocupados com os gostos e atitudes da filha, um casal decide enviá-la para um acampamento que promete ser a cura gay para os jovens. A produção conta com um elenco recheado de nomes famosos: Natasha Lyone (da série Orange Is the New Black), Clea DuVall e a drag queen RuPaul, no papel de um dos treinadores “ex-gays”. Esse foi o primeiro filme da diretora Jamie Babbit, que já tinha trabalhado ao lado de grandes diretores como Martin Scorsese e David Fincher.


7) Surpresas do Destino

Stranger Inside | Cheryl Dune | EUA | 2001
A diretora Cheryl Dune já tinha deixado sua marca no cinema queer alguns anos antes com The Watermelon Woman (1996), filme que virou referência para representação lésbica e negra no cinema contemporâneo. Nesta produção feita pela HBO, Dune explora uma realidade mais obscura: a de negras lésbicas presidiárias. Para escrever o roteiro da maneira mais real possível, a diretora trabalhou lado a lado com prisioneiras norte-americanas. A história gira em torno de Treasure, uma jovem que pensava que sua mãe estava morta, mas descobre que ela está cumprindo uma pena de prisão perpétua. Para reencontrá-la, Treasure se envolve em confusões e vai parar no mesmo presídio que a mãe. O filme foi feito distribuído apenas para TV e contou com Michael Stipe, vocalista da banda R.E.M., como produtor executivo.


8) Livrando a Cara

Saving Face | Alice Wu | EUA | 2005
Livrando a Cara é um dos poucos filmes que representa uma relação lésbica entre duas descentes de imigrantes asiáticos, talvez o primeiro a estourar num circuito mais comercial. A diretora Alice Wu constrói um enredo sólido e sem grandes pretensões quando o assunto é ter uma carga dramática pesada. Apesar disso, o principal obstáculo da relação de Wil e Vivian é milenar: a cultura na qual elas foram criadas. Isso se intensifica quando a mãe de Wil vai morar com a filha. Wu trabalha seus personagens sem julgamentos, até mesmo os mais velhos e tradicionais que normalmente são vilanizados, construindo uma história simples e interessante.


9) Pariah

Pariah | Dee Rees | EUA | 2011
Um ambiente familiar conservador, uma vida amorosa inexplorada e a sensação constante de que seus segredos já foram descobertos pelas pessoas mais próximas. É nesse cenário que encontramos a protagonista Alike, uma jovem negra que tenta lidar com todas as diferentes personalidades que parecem habitar seu corpo. Cheio de luzes coloridas e saturadas, o filme mostra o desenrolar do processo de aceitação da personagem, que finalmente acolhe tudo o que antes reprimia com medo de ser rejeitada. Além de sua estética, a magia de Pariah está em mostrar uma história já contada diversas vezes – a de autoaceitação – de um ponto de vista que não é muito visto nas telonas. Esse é o drama de estreia da diretora e roteirista Dee Rees e teve uma boa recepção da crítica.

10) Flores Raras

Flores Raras | Bruno Barreto | Brasil | 2013
Ambientado em grande parte na cidade de Petrópolis da década de 50 e 60, a produção brasileira conta a história real do romance vivido entre a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares e a poetisa inglesa Elizabeth Bishop. Flores Raras enfrentou diversos desafios para ser feito, principalmente para conseguir apoio financeiro, tudo devido ao enredo abordar um romance lésbico. A recompensa para a equipe veio mais tarde: o filme foi escolhido para a seleção oficial de grandes festivais internacionais como a Berlinale e o Tribeca, além de receber grandes elogios da crítica. O roteiro é baseado no livro “Flores Raras e Banalíssimas” da escritora Carmen L. Oliveira.

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