O surrealismo encontra Hollywood: Salvador Dalí, Hitchcock e Walt Disney

A relação entre as vanguardas das artes plásticas e o cinema sempre foi muito próxima e, até os dias atuais, influenciam-se mutuamente. A lista é grande: vai desde os futuristas, passando por Luis Buñuel, até chegar a Andy Warhol. 

Muitos artistas, principalmente nos anos 40 e 50, mudaram-se para os EUA e impactaram a própria forma da cultura norteamericana e especialmente o cinema. Salvador Dalí, um dos membros do grupo surrealista e que já havia trabalhado com Buñuel em filmes, foi um desses artistas que flertou com Hollywood em obras que você jamais teria imaginado. 

Dalí considerava o cinema um meio especial para representar os ideais e a estética do surrealismo, e não acreditava que houvesse uma diferença entre as vanguardas e a cultura popular, colocando as duas no mesmo patamar. 

Especula-se que Dalí ainda tenha criado desenhos para cenários e figurinos que não foram aceitos devido à sua excentricidade ou nunca foram creditados. Suas três participações efetivas e reconhecidas por Hollywood foram para: 

1. Alfred Hitchcock 



Hithcock criou a famosa cena do sonho em "Quando Fala o Coração" (Spellbound, 1945, EUA), que inicialmente tinha 20 minutos, sendo editada para 4 minutos posteriormente. A marca de Dalí aparece através dos olhos pintados no cenário, elemento que conecta toda a ação da cena. Ainda é possível lembrar-se de "O Cão Andaluz", quando um homem corta com a tesoura um olho desenhado.

2. Vincente Minelli

O diretor também já havia se inspirado com a vanguarda e comentou uma vez: "O Dalí era o grande pintor e o surrealismo, um estilo de vida". Trabalhou com o artista no filme "O Pai da Noiva" (Father of the Bride, 1950, EUA), em que desenvolveu uma sequência de pesadelo que passou despercebida.

3. Walt Disney


A participação mais inusitada foi com Walt Disney, já reconhecido pela grandiosidade de sua imaginação visual. Realizaram, em conjunto, o belíssimo curta de animação "Destino", iniciado no ano de 1946, mas que só foi lançado em 2003, quando ambos já haviam falecido. Nele podemos observar o estilo dos dois artistas, em que os objetos transformam-se o tempo todo ao expor uma espécie de narrativa de amor. Confira a capacidade de contar histórias de Disney com o senso e estética do surrealismo de Dalí: 


Infelizmente, muitas ideias de Dalí nunca chegaram nas telas. Mesmo assim, a sensibilidade do surrealismo ainda persiste hoje com um expressivo impacto no cinema.

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