A Trilogia do Apartamento, de Roman Polanski

Além de ser conhecido por protagonizar episódios tristes e polêmicos de sua vida, o aclamado diretor francês de ascendência judaica Roman Polanski carrega consigo uma filmografia vasta e diversificada, em que reúne gêneros diferentes e elementos inovadores. 

A Trilogia do Apartamento é uma prova incontestável da genialidade do cineasta. Há críticos e admiradores do seu trabalho que afirmam ser uma visão da biografia do diretor, em que cada um dos três longas retrata, de forma intensa, os sentimentos de angústia, paranoia e perseguição que envolveram Polanski e sua família durante a Segunda Guerra Mundial.

Apesar de se compor por histórias aparentemente independentes, sem quaisquer conexões entre elas, cada filme da trilogia foi gravado em cidades de diferentes países, mas partem de um pressuposto similar: somos apresentados a protagonistas supostamente normais, gentis e ingênuos, que em determinado momento da narrativa, tornam-se reféns de sua própria mente. Os protagonistas já moram em um apartamento ou procuram se mudar para um, onde o mesmo será plano de fundo para conflitos internos. Os vizinhos se mantém como observadores ou constituintes de uma conspiração, sempre testemunhas do colapso do protagonista, e a residência, que no começo parecia satisfatória, transforma-se em mais um componente para atormentar o personagem. 
Em "Repulsa ao Sexo", a protagonista nutre uma repugnância ao sexo masculino


Repulsa ao Sexo”, de 1965, filmado em Londres, é o primeiro da trilogia. O longa é protagonizado pela estonteante Catherine Deneuve, no papel de Carol Ledoux, uma jovem mulher, reprimida sexualmente, que se rende à loucura quando sua irmã mais velha parte em uma viagem com o namorado, deixando Carol sozinha no apartamento em que vivem juntas. Depressão, medo e alucinações cercam a personagem, que se vê cada vez mais afastada de seu trabalho e isolada dentro do apartamento. A atmosfera de pesadelo é acentuada através da fotografia chiaroscuro, estabelecendo um forte contraste entre o racional e o irracional. 
Mia Farrow interpreta Rosemary Woodhouse, um dos papeis mais icônicos de sua carreira
O clássico “O Bebê de Rosemary”, de 1968, é o segundo filme da trilogia, sendo uma adaptação homônima fiel ao livro de Ira Levin. Nele, o casal Rosemary e Guy se mudam para um apartamento em Nova York, onde os vizinhos são cordiais e os recepcionam com vários presentes. Quando descobrem sobre a gravidez da moça, os cuidados acerca dela se intensificam, e seu marido desenvolve cada vez mais uma amizade particular com os estranhos vizinhos. Não demora para que Rosemary desconfie de que algo está errado quando fatos anormais começam a acontecer em sua volta. Tendo apenas devaneios da noite em que engravidou, ela desconfia de sua própria sanidade e passa a considerar que está envolvida em seitas e conspirações satânicas

O final é memorável, e faz com que o espectador comprove que, em se tratando de cinema, uma cena sugestiva pode ser mais assustadora do que o terror explícito. 
No último longa da trilogia, o diretor Roman Polanski também atua como o protagonista Trelkovsky
No suspense psicológico “O Inquilino”, de 1976, quem dá vida ao protagonista imigrante polonês Trelkovsky é o próprio Roman Polanski. Nesse último filme da trilogia, o personagem em questão está empenhado a mudar-se para um apartamento alugado, e logo encontra um. Estando tão convicto de sua decisão, nada o faz mudar de ideia, mesmo ao saber que a antiga inquilina do local, Simone Choule, cometeu suicídio. Assombrado e obcecado pela história da moça, Trelkovsky começa a duvidar dos moradores e suspeita sobre o real motivo da morte da jovem. 

O filme foi rodado na França, e elabora cada personagem de forma única, criando sob cada morador uma característica a ser discutida, como o conservadorismo e a xenofobia que sofre de uma vizinha. 

Os apartamentos sempre servem como palco de transformações e distúrbios dos personagens, e a partir da perspectiva da câmera, somos inseridos em uma construção cuidadosa de ambientes claustrofóbicos, com o uso de sombras, sons diegéticos e músicas célebres. 

A Trilogia é um prato cheio para quem se interessa por terror psicológico e adora analisar e refletir sobre os sinais de desequilíbrio dos personagens, envolvendo teorias psicanalíticas e muito suspense.

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