O que acontece quando a internet invade o cinema?

Internet: O Filme aconteceu a todo o vapor: foi anunciado em julho do ano passado e em poucas semanas já tinha sido filmado. Dirigido por Filipo Capuzzi Lapietra e com roteiro de Rafinha Bastos e Dani Garuti, a produção é constituída de esquetes que dialogam com situações do dia-a-dia. Trazendo um leque de personalidades que se popularizaram no YouTube - como PC Siqueira, Felipe Castanhari, Whindersson Nunes e Pathy dos Reis -, essa é a primeira grande tentativa de migração das chamadas “novas mídias” para as mídias tradicionais. O que isso significa para o mercado cinematográfico nacional?
As youtubers Mamrie Hart, Grace Helbig e Hannah Hart responsáveis pela produção Camp Takota
O filme vem como a consolidação de que a comunidade brasileira do YouTube está seguindo de perto os passos da comunidade estadunidense. E mais perto do que o esperado. Lá fora, várias tentativas de migração de youtubers para as mídias tradicionais vêm acontecendo desde a criação do site, em 2005. No entanto, esse fenômeno só encontrou bases sólidas em solos norte-americanos há pouco mais de dois anos, com o tímido lançamento da produção Camp Takota.

A produção não foi um grande sucesso, mas foi um lançamento sólido. Limitado a uma distribuição apenas em plataformas digitais, conhecidas por não divulgarem o lucro de seus projetos, Camp Takota pareceu agradar aos investidores, mas o dinheiro não foi o único fator importante. O filme testou as águas da nova empreitada dos criadores de conteúdo online – e, deve-se dizer, que de uma forma ousada: com três protagonistas femininas – e, mesmo fora do circuito comercial, recebeu críticas encorajadoras que deram base para outras produções que apresentavam uma distribuição cada vez maior. Por fim, os youtubers chegaram nas salas de cinema convencionais com a comédia Smosh: O Filme (2015).
Anthony Padilla e Ian Hecox, integrantes da dupla de humor Smosh


O grande atrativo dessas produções para os investidores é a audiência já garantida pelo número de inscritos nos canais dos atores. A dupla Smosh, por exemplo, possui mais de 20 milhões de seguidores na rede social. Apesar de uma novidade, os filmes de youtubers não são encarados como arriscados para os estúdios por essa base de fãs já consolidada. Um exemplo nacional disso é o filme É Fada (2016). Protagonizado por Kéfera Buchmann, recebeu inúmeras críticas negativas, mas ainda assim ficou entre as maiores bilheterias do país em sua estreia.

Apesar disso, conciliar o público-alvo da internet com os desejos dos grandes estúdios sem perder a identidade que atraiu os fãs em primeiro lugar pode ser difícil. Acostumados com a autonomia da criação de conteúdo online, os youtubers estadunidenses começaram a adentrar o cinema por meio de produções independentes, que se assemelham com a liberdade que têm na internet. Aqui no Brasil, no entanto, essa entrada vai ser diferente: os longa-metragens são produções de grandes empresas como a Globo Filmes e a Paris Filmes.

Só o tempo dirá se Internet: O Filme vai ser um testamento para futuros longas advindos do YouTube ou uma visão caricaturada do que a mídia tradicional pensa sobre as novas mídias. Seja o que for, o aspecto comercial do filme com certeza vai abrir portas para outros youtubers brasileiros alcançarem as telonas, independente da qualidade do conteúdo oferecido.

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