Entrevista: Eddie Vedder comenta sobre a composição da trilha de Na Natureza Selvagem


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Em entrevista a revista Entertainment Weekly, Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam, comenta sobre suas inspirações, a amizade com o ator e diretor Sean Penn e o processo de composição da trilha do filme Na Natureza Selvagem (Into The Wild, 2007). O filme, dirigido por Sean Penn e protagonizado por Emile Hirsch, é inspirado na história de Christopher McCandless, e acompanha a jornada do jovem que deixa família, amigos e sua vida urbana de lado e viaja sem direção em meio a paisagens naturais dos Estados Unidos em busca de novas experiências, liberdade, e de si mesmo.
Créditos da tradução ao portal Pearl Jam Brasil, disponibilizado em Pearl Jam Evolution.
Se você for dos que conseguem ouvir música e ler ao mesmo tempo, dê o play na trilha ali em baixo antes de ler a entrevista.


Entertainment Weekly - A sua amizade com Sean é a razão de sua participação em Into the Wild?
Eddie Vedder - Sim. Não houve qualquer outra impressão. Talvez tivesse feito outra idéia se fosse outra pessoa. Tinha terminado o tour do Pearl Jam, Sean me ligou em meu segundo dia de folga ou alguma coisa assim, então li o livro e imediatamente foi como “isto não será esforço algum”. Sean casualmente apareceu em casa alguns dias depois – na minha porta, como se morasse na mesma rua e viesse caminhando – e assistimos ao filme juntos. Foi lindo, eu chorei e foi extraordinário. Eu não sabia para que ele precisava de mim porque era incrível. Eu lembro a primeira vez que vi o filme, só eu e Sean, sentados no chão com um pacote de cigarros – eu só queria dizer “como você conseguiu esse foco? Espera, isso realmente aconteceu? Esse cavalos são mesmo selvagens? Aquele urso cinza, como você fez aquilo?” Foi realmente difícil ficar sem falar alguma coisa. Para mim era tudo incrivelmente comovente. E indo pela cabeça do McCandless, é embaraçoso pensar que este seria o último garoto que gostaria de ter um filme sobre sua vida. Como seria grave para a pessoa que ele foi, da maneira que conduziu sua vida, se sua história se tornasse comercial e trivial. Graças a Deus foi Sean que fez o filme.


Você não tinha lido o livro antes?
Não. Todo mundo que eu conhecia já tinha lido.

É um daqueles livros que você lê na faculdade e decide que vai jogar de lado sua vida estúpida e fugir para floresta e morrer.
Sim – ou viver. Aprenda com os pequenos erros dele. Falamos um pouco sobre isso noite passada, Acho que o filme afetará as pessoas que fizeram o mesmo que Chris McCandless, pessoas relacionadas, mas afetará quem deixou de fazer e se pergunta o motivo de não ter feito e ter perdido a chance.

Você fica mais velho e percebe que está tão imerso na sua vida para atirar tudo para alto e se enfiar na floresta na Appalachian Trail ou o que quer que seja.
É incrível como você pode rapidamente escapar. Você pode! Está lá o tempo todo. A fronteira está muito mais perto do que você imagina. Você pode estar lá em poucas horas e sempre pode voltar... na maioria da vezes. Sean e eu fizemos cerca de 100 milhas de caiaque pelo Grand Canyon até o lago Mead há algumas semanas. Tínhamos um guia, Brian Dierker, ele faz o papel de Rainey no filme. Ele não faz viagens comerciais, só leva geólogos e cientistas até lá. Sean o escalou após ter participado da exploração de lugares para as filmagens. Sean se empenhou em buscar o lugar exato, ao ponto de ter uma cena de uma tenda no deserto e esta tenda estar exatamente no lugar onde Chris a colocou. Eles usaram fotos e alinharam com montanhas e com a praia e sem causar nenhum impacto à região, eles filmaram. Não precisavam fazer isto, podiam ter usado locações ou algo do tipo. Você pode perceber que Sean não somente fez o filme com estas pessoas incríveis, eles tiveram uma puta diversão fazendo isso. Só fazer o filme já foi uma aventura. Então, o garoto teve uma aventura e, sendo assim, Sean e a equipe tiveram uma aventura.

E você escreveu a trilha Sonora para a aventura. Vocês estipularam qual seria o resultado?
Sean disse simplesmente, “qualquer coisa que você queira fazer, a música, talvez uma canção”, Então, eu passei três dias dando as cores com as quais eu podia pintar. Seriam sons diferentes, teria órgão e vocal, ou seria uma canção com compasso mais marcado. Eu entreguei a ele 25 minutos de música, o que para mim eram cores na palheta. Eu pensava que nada seria aproveitado. Talvez só alguma coisa. Quanto mais eu sentia vontade de atender ao Sean e ao projeto, menos expectativas eu tinha. Entretanto, ao invés de dizer, “OK, legal, eu vou usar alguma coisa, obrigado por tentar,” Sean me ligou e foi mais ou menos assim: “já coloquei duas músicas, se você me der mais cinco ou seis, poderia ser a voz interior do personagem.” Eu disse, “vamos fazer.”

Você escreveu como se fosse o Chris ou as paisagens foram sua inspiração?
Depois de ver o filme pela primeira vez, Sean me mandou diferentes partes, versões silenciosas. Então, eu escrevi o que aquele pedaço precisava. Tive muitas limitações se comparar com a composição de um álbum com a banda, que pode ser sobre qualquer coisa. Exemplo: “a música tem que ter um minuto e 30 segundos de duração e você quer que a letra termine aqui, você tem que rever tudo.” Todas estas limitações foram absolutamente bem-vindas porque fizeram tudo ficar mais fácil.

Como pai, será difícil assistir Into the Wild –– ver o filho virar as costas para a sua família.
Eu acho que os pais vão aprender muito com o filme. Eu acho que mesmo que se eles não fizeram nada de errado... ainda... vai haver um profundo impacto. É difícil interferir na vida de um garoto sem f*** com eles. Não importa quão legal você é, de alguma forma seus filhos vão ter que criar sua própria independência e pensar que mamãe e papai são legais somente para construir a vida deles. É para isso que serve a adolescência e os filhos passam por ela a qualquer preço. Eu acho que é uma época interessante. Estou pensando sobre mim (risadas). São fases preocupantes também. Você força seu filho a prestar atenção em que está acontecendo ou você diz para eles viverem suas vidas fora disso? Minha esperança é que minha filha seja uma forte ativista. Isto me deixaria orgulhoso.
(...)


As demais quatro perguntas da entrevista foram suprimidas aqui por não se referirem ao filme.

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