Logan: o ser humano além do herói

Como seria o nosso mundo se existissem super-heróis? Essa é a principal pergunta que a tanto a Marvel quanto a DC tentam responder, cada uma a seu modo. Os X-Men sempre lidaram com isso de uma forma que trazia reflexão, trabalhando em cima do preconceito e as divisões de raças. Logan traz essa característica, apesar de não ser seu foco. Com os mutantes quase extintos é difícil ver isso, assim a humanidade fica por conta dos próprios personagens.

Depois de seis longas do grupo X-Men e mais dois em que é o protagonista, Hugh Jackman finalmente teve a oportunidade de trabalhar o Wolverine com toda a sua profundidade de personagem, com seus poderes apenas moldando o herói, não sendo assim sua principal característica. O tempo é o principal vilão nesse filme, ao atingir tanto Logan quanto o Professor Xavier, dois grandes mutantes que agora não conseguem mais controlar suas próprias forças. O Professor vive dependente de remédios, lentamente perde a noção da realidade, enquanto Wolverine encontra nas bebidas o refúgio para a dor e o sofrimento que a velhice e as perdas durante a vida lhe causam.
A mudança do nome, de Wolverine para Logan, nada mais é do que o próprio personagem visto como o ser humano além do herói. O carcaju que já foi tão explorado por sua ferocidade e selvageria, agora está mais domesticado, algo que a idade cobra de todos. Wolverine envelheceu e se humanizou, as feridas que antes se curavam agora permanecem expostas, sejam elas físicas ou mentais. Somos apresentados a um herói que está quebrado, e isso é algo que Hugh Jackman consegue explorar plenamente, seja no modo de andar até na falta de humor ácido, pelo qual o personagem é conhecido.
A pequena Laura, arma X-23, interpretada pela atriz Dafne Keen, chama atenção do início ao fim com seus silêncios julgadores ou gritos ferozes. Ela nada mais é do que uma cópia do Wolverine, mas tão selvagem quanto inocente, e é exatamente aí que está a beleza da personagem. Logan não aceita seu papel paternal de início, mas se vê forçado a cumprir a missão de levá-la a um lugar seguro, mesmo que seja ela quem a protege várias vezes durante o filme. Essa inversão de papéis aprofunda ainda mais os dois personagens: a garota que não precisa de um defensor, mas é dependente; e o super-herói que não se vê mais capaz de lutar, mas se sente obrigado a entrar no papel que desempenhou por toda sua vida.

No final, fica claro que a violência é o principal personagem do filme, seja nas lutas sem censura, no sangue escorrendo ou na destruição do personagem que era indestrutível. Toda violência tem seu fim e ele está em todos os lugares: no passado repleto de mortes de Logan, nos seus amigos que já não estão presentes, na paisagem desoladora dos desertos, nas referências utilizadas e até mesmo na trilha sonora, com Johnny Cash.  

Não é um filme leve, não há piadas. “Logan” é cru, violento e doloroso, e esse é o final que o grande Wolverine merecia. E como fechamento de um ciclo, fica a principal luta que o Carcaju enfrentava e ela é passada para a sua pequena “cópia”: não ser o que ele foi criado para ser. 

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