Helena Ignez e a homenagem ao amor

Foto: Leo Lara - Universo Produção
A temática do feminino e da igualdade de gêneros permeou muitas das discussões durante a semana da vigésima edição da Mostra de Filmes de Tiradentes e a organização não poderia ter escolhido homenageada melhor para dialogar com essas questões. Helena Ignez é o cinema brasileiro moderno em carne e osso. De Mariana (personagem recatada de O Padre e a Moça) à Ângela Carne Osso (protagonista do gigante A Mulher de Todos) ela é uma e muitas ao mesmo tempo e expõe de forma incontestável o poder do feminino.

Nascida em Salvador no começo dos anos 40, viveu na adolescência a efervescência cultural baiana dos anos 50. Estudou teatro e tão logo descobriu a vocação de atriz. Estreou no cinema com Pátio do também estreante Glauber Rocha, com quem tinha um relacionamento na época. Esteve em filmes importantes do Cinema Novo (A Grande Feira; O Assalto ao Trem Pagador; O Padre e a Moça), mas foi no chamado Cinema Marginal, com Rogerio Sganzerla e Júlio Bressane, que ela chegou ao desbunde e expôs toda a potência feminina que a consagra como uma das maiores atrizes brasileiras de todos os tempos.

Helena Ignez em cena de "Copacabana Mon Amour" (1970), de Rogério Sganzerla.
Seu último longa-metragem, Ralé, é um manifesto ao amor e é a partir do amor que Helena Ignez acredita poder diluir os conflitos e as intolerâncias. Para ela não há espaço para separações. “Os homens foram meus grandes amigos na minha adolescência, porque as mulheres estavam mais para trás ainda, elas que me censuravam. Com os homens eu tinha um tipo de cordialidade e amizade muito maior, então eu tenho que citar um rapaz de 20 anos que em 1967 disse numa entrevista que as mulheres estavam tomando mais consciência de si mesmas e do social e que os homens estavam ficando pra trás, esse foi Rogério Sganzerla, que pode fazer A Mulher de Todos colocando na tela uma espécie de super-mulher”, relembra a atriz e diretora.

Aos 74 anos mostra força e vitalidade de quem ainda tem muito para criar. Estará no próximo longa metragem de Cristiano Burlan, ainda em processo de finalização, ao lado de Jean Claude Bernardet. Helena Ignez é uma força da natureza, uma saída viável para qualquer mediocridade. Em tempos de debates que imitam plateias de programas de auditório, ela recebe aplausos de todos os lados.

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