Bebidas, drogas e sexo no cinema: como funciona a produção?


Você já parou para pensar o que torna as cenas de filmes mais realistas e como tudo é desenvolvido?

Os bastidores do mundo do cinema evoluíram com o passar dos anos. Antes, a trilha sonora de um filme precisava ser tocada ao vivo nas salas, acompanhando a projeção. Hoje, temos telas IMAX, imagens e sons digitais e filmes 3D. Muita coisa mudou, mas a equipe de produção ainda precisa trabalhar muito nos pequenos detalhes para tornar a experiência de assistir a uma obra cinematográfica cada vez mais próxima de quem a assiste.

Mas o que é real e o que não é?


Jack (DiCaprio) e Rose (Kate Winslet) em Titanic (1997)
A maioria das bebidas são substituídas de acordo com sua coloração. Água substitui cachaça e vodka. Chá ou guaraná sem gás entram no lugar do uísque, drinks são feitos com água e corantes, e a cerveja é substituída por cerveja sem álcool. 

Ewan McGregor em "Trainspotting" (1996), de Danny Boyle






Quando os atores precisam fumar, os cigarros comuns são os sem nicotina. Já na hora da maconha pode ser usado o tabaco comum, cigarro herbal (ervas) ou a maconha sem o ingrediente ativo THC - assim ninguém fica drogado -.

Cena de "O Lobo de Wall Street" (2013)
Em cenas em que só é preciso mostrar a cocaína, são usados farinha de trigo ou açúcar de confeiteiro. Mas se o ator tiver que inalar a "droga", o mais usado é o soro fisiológico em pó. Ele tem aparência idêntica à cocaína, podendo ser inalado sem danos ao ator. Outra tática é passar vaselina no rolo por onde é puxada a droga: na hora em que o ator for cheirar, grande parte do pó vai ficar grudado e não vai chegar ao nariz. Em "O Lobo de Wall Street", de Scorsese, os atores Leonardo DiCaprio e Jonah Hill cheiraram vitamina B durante as filmagens.

No filme "Scarface" (1983), de Brian De Palma, são várias as cenas em que a cocaína aparece e em que os personagens usam a droga. O produto usado nas filmagens era para ser leite em pó, mas os produtores não gostaram de sua aparência nas cenas. O diretor nunca admitiu qual substância foi usada, por medo de perder a ilusão do realismo.

Sexo: como é o making of?


Making of do filme polonês Ida (2013), vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro

Existem muitos filmes com cenas de sexo super realistas no cinema, mas por mais que pareça óbvio, os atores não fazem sexo de verdade.

Exceções a regra existem, como é o caso do polêmico filme "Brown Bunny" (Vincent Gallo, 2003), exibido no Festival de Cannes em sua primeira exibição. Em uma das cenas, a atriz Chloë Sevigny realiza sexo oral no protagonista, interpretado pelo próprio diretor. Por causa da cena não simulada, Chloë enfrentou dificuldades em sua carreira para tentar papeis importantes em Hollywood.

Outro exemplo é o filme “Sexy e Marginal” (1972), segundo longa do diretor Martin Scorsese. Segundo os atores David Carradine e Barbara Hershey, que eram casados na época, a cena de sexo protagonizada por ambos não foi simulada.

Mas como toda a encenação é feita?


Ninfomaníaca I, de Lars Von Trier



Na maioria das cenas são usadas próteses, capas protetoras, tapa-sexo e até travesseiros colocados entre os atores para simular o ato. Os ângulos de câmera também ajudam. Um bom ensaio e uma boa edição posterior pode fazer com que os atores se relacionem o mínimo possível.

Dublês de corpo também são comuns, como foi o caso de “Ninfomaníaca”, de Lars von Trier. A produtora Louise Vesth já revelou para a revista The Hollywood Reporter que as filmagens foram feitas primeiramente com os atores fingindo o ato e, posteriormente, dublês - que realmente fizeram sexo - repetiram a cena. Na pós produção, as duas gravações foram sobrepostas digitalmente. Assim, os atores ficaram vestidos da cintura para baixo, enquanto as cenas explícitas feitas por dublês foram adicionadas posteriormente na edição.

Neste artigo do The New York Times sobre o assunto, foram entrevistados diretores, atores, e diretores de fotografia, e todos eles apontaram que é tudo muito prático, sem glamour. Mas a visão dos cineastas e dos atores é bem diferente. Enquanto  a maioria dos atores se sente desconfortável ao gravar as encenações, os diretores se entregam aos desafio e às possibilidades de criação e inovação. 


A diretora Sam Taylor-Wood com os protagonistas de "Cinquenta Tons de Cinza"
Mas tudo é realizado de forma a proteger a integridade dos artistas e atendendo aos limites de cada um, como é o caso da adaptação de "Cinquenta Tons de Cinza", romance sadomasoquista de E. L. James. O diretor de fotografia do filme, Seamus McGarvey, revelou ao The New York Times que os protagonistas usaram proteções: "Jamie [Dornan] usou uma capa sobre o pênis. Dakota [Johnson] tinha uma proteção que cobria sua área púbica e envolvia seu corpo. Vivemos a curiosa situação de ter de acrescentar pelos púbicos na pós produção. Não digo que isso tenha sido um dos pontos altos de minha carreira, mas certamente foi um dos momentos mais surreais. Usamos uma dublê de bumbum para Dakota". 

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