X-Men: Fênix Negra (2019) - As cinzas de uma franquia


Nos quadrinhos, os X-Men já foram o grupo de super-heróis mais famoso e popular da Marvel. Escolhê-los como a primeira equipe de super-heróis a ser adaptada para o cinema seria, portanto, natural. A estreia dos X-Men nas telas aconteceu no primeiro ano da década de 2000, na qual o cinema e o universo dos super-heróis ainda não haviam descoberto seu potencial conjunto. De lá para cá, como dizem, o resto é história.

Para a franquia X-Men, isso significa dezenove anos e doze filmes, dentre eles, duas trilogias e cinco filmes derivados com seus personagens mais populares. Uma trajetória marcada pela inconsistência, tendo entregado ao público filmes que se tornaram referência no gênero, como X2 (2003), Deadpool (2016) e Logan (2017), mas também cometido equívocos como X-Men Origens: Wolverine (2009) e X-Men: Apocalypse (2016). Isso nos leva, finalmente, à X-Men: Fênix Negra (2019), filme que se tornou o encerramento da franquia após a notória aquisição da FOX pela Disney.

A conclusão da franquia optou por revisitar o passado e, essencialmente, "readaptar" Fênix Negra, uma das histórias mais famosas dos universo dos quadrinhos. Uma primeira tentativa, execrada pelos fãs e a crítica, foi feita em X-Men: O Confronto Final (2006), onde a emblemática história foi essencialmente relegada à uma subtrama do filme. Desta vez, coube a Simon Kinberg, produtor de sete dos doze filmes da franquia, ascender à cadeira de diretor para comandar a nova versão.

Kinberg, apesar de pouco experiente como diretor, mostra interesse em seus personagens ao dedicar boa parte do filme à exploração de seus conflitos, mas se perde com a pressa em resolvê-los, conduzindo os personagens por grandes mudanças de perspectiva em questão de segundos, entre poucos cortes. É uma escolha claramente guiada pela necessidade de "equilibrar" os dramas humanos com as esperadas e grandiosas sequências de ação, mas que surge em detrimento de ambos os elementos.

O filme é centrado em Jean Grey (Sophie Turner), personagem cuja nova versão foi apresentada em um papel menor em X-Men: Apocalypse (enquanto a versão original de Famke Jansenn foi uma das protagonistas da primeira trilogia). Apesar da interpretação de Sophie Turner ter melhorado consideravelmente em relação à sua estreia na franquia, a curta duração do filme se mostra insuficiente para desenvolver de forma satisfatória a jornada da personagem e criar uma relação de empatia com o público. Outro equívoco familiar à franquia é a insistência em focar nos mesmos personagens coadjuvantes, como o Professor Xavier e Magneto. Seus intérpretes, James McAvoy e Michael Fassbender  fazem o possível para elevar o material que recebem, mas conseguem apenas se destacar em meio a um elenco de personagens desperdiçados cujos atores parecem oscilar entre a desorientação e o tédio, em especial a a vilã periférica de Jessica Chastain (em uma interpretação inexplicavelmente insossa).

Nem mesmo suas qualidades, como a trilha do sempre confiável Hans Zimmer, são suficientes para redimir o filme, que apesar de bem intencionado, é vítima de suas pretensões e falha em justificar a revisitação da história, resultando em um filme apenas um pouco superior à sua primeira versão e uma conclusão surpreendentemente anticlimática para a franquia. Contudo, com o encerramento desta franquia pioneira e a certeza da sua eventual e promissora retomada dentro do universo cinematográfico da Marvel, me permito uma digressão para citar uma apropriada e célebre frase de Winston Churchill: “Isto não é o fim. Não é sequer o princípio do fim. Mas é, talvez, o fim do princípio.”. Adeus, X-Men. Vida longa aos X-Men!



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