A Noiva Cadáver (2005), de Tim Burton |
Ilustrando as fases e emoções dos personagens, as cores podem ter significados diferentes dependendo do gênero do filme ao qual se está assistindo. Dentro do universalismo de definições, podemos começar distinguindo entre cores quentes e cores frias, e elas não apenas conduzem a um estado de calor ou frescor.
As cores frias são o azul, verde, roxo e o turquesa, e estas podem remeter a diversos sentimentos, como introspecção, tristeza, calma, passividade, solidão, tranquilidade e claro, excesso de frio. Podem também ser associadas ao anoitecer, ao místico e ao mar/água.
As cores frias são o azul, verde, roxo e o turquesa, e estas podem remeter a diversos sentimentos, como introspecção, tristeza, calma, passividade, solidão, tranquilidade e claro, excesso de frio. Podem também ser associadas ao anoitecer, ao místico e ao mar/água.
As cores preto, cinza e branco são neutras. Geralmente, quando usadas, são combinadas com outras cores para ressaltar o efeito da cor quente ou fria.
Os Excêntricos Tenenbaums (2001), de Wes Anderson |
As cores podem também podem se tornar marcas registradas de alguns diretores, como nos filmes de Wes Anderson. Cada personagem possui a própria paleta de cores, que geralmente são claras e pastéis, as quais permeiam os cenários e seus figurinos durante toda a história, ajudando a construir nossa percepção sobre os mesmos e deixando as cenas mais harmoniosas.
O Poderoso Chefão (1972), de Francis Ford Coppola |
Cena de Mad Max: Estrada da Fúria (2015) |
A cor é a principal ferramenta para demonstrar temperatura. É por meio dela que compreendemos rapidamente o clima em que o filme se passa, antes mesmo que se mostrem os figurinos. Em Mad Max, por exemplo, os tons de laranja criam um ambiente quente, com fortes explosões, enfatizado pela falta de água, que reforçam mais ainda a ideia de um local abafado a ardente.
Anthony Hopkins vive Hannibal em O Silêncio dos Inocentes (1991) |
Mena Suvari em Beleza Americana, de Sam Mendes |
O vermelho é a cor mais usada em gêneros opostos, como terror/suspense e drama/romance, por trazerem a ideia principal de paixão e agressividade. Por isso, paletas de tonalidades tão próximas podem ter significados totalmente distintos.
Na cena icônica de Beleza Americana, o vermelho automaticamente nos traduz a sensualidade passada pela personagem de Mena Suvari e o amor e excitação que Lester Burnham (Kevin Spacey) sente pela moça. Tal mensagem diverge do sentido do vermelho usado em O Silêncio dos Inocentes, que funciona para conduzir o público à tamanha insanidade de Hannibal Lecter.
Natasha Leonnet foi a colorista de La La Land (2016) |
E de quem é o trabalho de ressaltar todas essas cores para nossa melhor percepção? O nome desse profissional é colorista. Na pós produção - momento de edição do filme -, sua função é identificar com clareza as cores que foram escolhidas pelo diretor e/ou diretor de arte na criação da paleta para ajudar no desenvolvimento da narrativa, contribuindo para os climas propostos na história e comunicando aos espectadores o sentimento dominante revelado pela cor.
Foram divulgadas várias fotos do antes e depois do processo de colorização de La La Land, o que chamou atenção e tornou mais notório o trabalho desse profissional. Separamos um vídeo que mostra o antes e o depois da coloração de um filme de produção independente chamado The House on Pine Street. Além da correção da cor, o colorista tem o papel de igualar a exposição de cor das câmeras e ajustar luz e brilho diante dos personagens.
Muito mais do que ilustrar, as cores não são inseridas por acaso, tendo o importante papel de nos transmitir emoções e auxiliar no rumo da história. O conjunto de cores é um elemento essencial para o cinema, ajudando a conservar cenas memoráveis que jamais teriam o mesmo efeito se não fosse pela escolha da cor.
E você, lembra de alguma cena que não teria o mesmo significado se não fosse pela cor?
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