Diretoras Brasileiras: Laís Bodanzky

Desde 1999, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem realizado uma pesquisa de Informações Básicas Municipais. Na sua primeira edição, o levantamento apontou que apenas 7,2% dos municípios brasileiros possuem ao menos uma sala de cinema. De lá até a última pesquisa, de 2014, a mudança foi tímida, passando para 10,4%. Mesmo nas poucas cidades que dispõem do espaço, muitas são as pessoas que não têm acesso à sétima arte. Foi pensando nisso que, em 1996, a cineasta Laís Bodanzky deu início ao Cine Mambembe, cujo objetivo era levar cinema para essas pessoas, através de uma Saveiro equipada com um projetor de 16mm. O projeto rendeu à diretora brasileira o documentário “Cine Mambembe - O Cinema Descobre o Brasil” (1999), que conquistou seis prêmios nacionais e quatro internacionais. 

O projeto começou na cidade de São Paulo, assim como a vida e a carreira da diretora. Bodanzky se formou em cinema pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), e sua estréia na direção foi em 1994, com o curta “Cartão Vermelho”, premiado em festivais de Brasília, Ceará, Maranhão e Rio de Janeiro, além de ter sido selecionado para o New York Film Festival de 1995.
De Cine Mambembe a Cine Tela Brasil, primeira sala de cinema ambulante, planejado por Bodanzky e Bolognesi 
O Cine Mambembe foi realizado em parceria com o também cineasta Luiz Bolognesi, que recentemente fez o roteiro de "Bingo: O Rei das Manhãs" e escreve "Como Nossos Pais", novo longa de Bodanzky. Eles começaram a exibir filmes em praças públicas e escolas da capital paulista, porém, com o tempo, o projeto se ampliou e passou a contar com equipe de projecionistas e produtores, além do apoio do Ministério da Cultura para levar cinema a vários cantos do Brasil. 

Em 2004, de projetor, o Cine Mambembe passou a se tornar a primeira sala de cinema ambulante, Cine Tela Brasil, que conta com uma estrutura com 225 cadeiras, ar-condicionado, projetor de 35 mm, som surround e projeção cinemascope, tudo em um ambiente protegido de luz e chuva.
Laís Bodanzky nos bastidores de "Bicho de Sete Cabeças" (2000)
O primeiro longa-metragem da diretora foi “Bicho de Sete Cabeças” (2000), que contava com Rodrigo Santoro, Othon Bastos e Cássia Kiss no elenco. A produção levou o Prêmio Júri Jovem do Festival de Locarno (Suíça), melhor filme do 10 º Festival de Cinema e Cultura Latino Americana de Biarritz (França), além de outros 45 prêmios nacionais e internacionais, que contemplaram direção, roteiro, elenco, trilha sonora, montagem e fotografia.

Bodanzky também dirigiu os filmes “Chega de Saudade” (2008), “As Melhores Coisas do Mundo” (2010), além de ter participado de “O Ser Transparente”, um dos segmentos do seu longa “Mundo Invisível” (2011), produzido para a Mostra Internacional de São Paulo. Dois anos depois, fez o documentário "Mulheres Olímpicas". Na televisão, codirigiu a série “Educação.doc” (2014), exibida pela Globo News e pelo Fantástico, e dirigiu dois episódios da segunda temporada de “Psi”, da HBO. Bodanzky ainda dirigiu peças teatrais, como “Essa Nossa Juventude” (2005) e “Menecma” (2011), ambas indicadas ao Prêmio Shell de Teatro de São Paulo.
"Como Nossos Pais", novo longa da diretora, foi o mais premiado no Festival de Gramado. Créditos: Diego Vara/ Pressphoto
A última produção da cineasta, “Como Nossos Pais”, está em cartaz nos cinemas e já levou o prêmio de melhor filme da 45ª edição do Festival de Cinema de Gramado. Além de ser o grande vencedor, o longa recebeu outros cinco Kikitos: direção para Laís Bodanzky, atriz para Maria Ribeiro, ator para Paulo Vilhena, atriz coadjuvante para Clarisse Abujamra e montagem para Rodrigo Menecucci. Como Nossos Pais também foi selecionado pelo Ministério da Cultura para concorrer à vaga de candidato brasileiro na categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar.

Confira o trailer do longa e aproveite para conferir nos cinemas!


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