Fuga da Rocinha: um novo olhar sobre as favelas brasileiras

Um jovem de classe alta, morador de Copacabana, se apaixona por uma garota que mora na Rocinha, enquanto vivenciam a criminalidade dentro das comunidades do Rio de Janeiro. Duas realidades diferentes colidem em “Fuga da Rocinha”, longa-metragem independente produzido pela MáKina Cultural, com apoio da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Barcelos (AMABB) e da Rede Coletiva da Rocinha.

O filme contou com um orçamento de pouco mais de R$3.000,00, mas o baixo custo não impediu o reconhecimento pela produção. Com poucos meses de lançamento no Youtube, o longa atingiu mais de 3 milhões de visualizações e 75.000 likes, além de ter sido exibido na programação do 7º Civifilmes, Festival de Cinema Independente de São Paulo, e concorrido nas categorias de Melhor Filme de Longa-Metragem, Melhor Roteiro, Melhor Ator Coadjuvante com João Paulo Gonçalves que interpreta o personagem Elias, e Melhor Trilha Sonora Original, com a música “Guerra de Ambição”, do Mc Dollores. O filme levou os prêmios de Melhor Filme de Longa-metragem e Melhor Roteiro.
Equipe de "Fuga da Rocinha"


O longa foi produzido como parte de um projeto social realizado com jovens moradores das comunidades da Rocinha e do Vidigal, sendo a primeira experiência de todos com cinema. Eles tiveram a oportunidade de estar em contato com todas as etapas de produção, auxiliando na direção, cinegrafia, figurino, maquiagem, além de integrarem o elenco.

Para o diretor e roteirista do longa, Antonio Jr., a repercussão do projeto foi inesperada. Tanto em relação ao número de visualizações, quanto à participação no festival: “O projeto foi totalmente despretensioso. O objetivo era proporcionar a todos a experiência de participar de uma produção audiovisual. Não tínhamos dinheiro, e ninguém tinha experiência, era o primeiro contato de todos com cinema", conta Antonio. “Para os atores, a experiência também está sendo muito boa. Eles passaram a ser reconhecidos em suas comunidades, tornando-se referência para jovens e adolescentes que sonham (e agora acreditam ser possível) em fazer cinema e atuar em um filme”.
João Paulo Gonçalves, que interpreta o personagem Elias, concorreu ao prêmio de "Melhor Ator Coadjuvante" do 7º Civifilmes


Segundo Antonio, o tema do filme foi escolhido como algo que fizesse parte do cotidiano desses jovens, mas desconhecido pelo grande público: “A ideia foi mostrar o impacto que as drogas têm nas famílias, sem fazer julgamentos ou adotar discursos, apenas registrando e deixando que cada um tire suas próprias conclusões”, diz o diretor. “Eu acredito que a violência nas comunidades, a criminalidade e o aliciamento de jovens há muito tempo deixou de ser um problema de polícia, a ser combatido (ou resolvido) com armas. Acredito que seja sim um grave problema social, que deve ser combatido com cultura, educação e oportunidades”.

Além do baixo orçamento, Antonio Jr. explica que um dos principais desafios para a produção do longa foi a questão da segurança. “No dia em que gravaríamos a cena da operação policial que abre o filme, teve de verdade uma operação policial, com intensa troca de tiros, inclusive com um helicóptero sendo atingido. Ficamos ‘presos’ na sede da Rede Coletiva da Rocinha até o final da operação e impossibilitados de gravar”, conta. Uma curiosidade é que os áudios de tiros utilizados no longa foram captados por moradores das comunidades em situações reais de confronto.

"Fuga da Rocinha" nos faz refletir sobre a realidade das favelas brasileiras, ao mesmo tempo que diverte e emociona, enquanto torcemos para que tudo dê certo entre Anderson e Eliza. O final do longa traz grandes surpresas, que pode ser conferido gratuitamente no Youtube.
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