Feminino: doc sobre a cena drag em Juiz de Fora


Marcada por intensos aplausos, a estreia do curta documentário “Feminino”, exibido na Mostra Competitiva Regional do Festival Primeiro Plano, surpreendeu por sua qualidade técnica, garantindo ao final do evento dois prêmios e uma menção honrosa. Produzido para a disciplina de Cinema e Ciências Sociais do Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF -, a ideia veio do interesse em registrar as festas do Realce - bloco de carnaval de drag queens da cidade.

O curta segue a drag Femmenino, criada por Nino de Barros, na cena noturna juiz-forana, e discute as questões de gênero, além de explorar as vivências de várias drags do bloco Realce. Para Nino, “o drag é um ato político natural” e a importância de se debater gênero vem por causa dos rótulos de gênero e da gentrificação crescente de tudo.

Cena do curta documentário "Feminino" (2016)
A obra que destaca as manifestações artísticas das drag queens chamou atenção e já foi exibido até mesmo fora do país, no Fringe! Queer Film & Arts Festival, festival que aconteceu em Londres, Inglaterra. Segundo a diretora do curta, Carolina Queiroz, eles se inscreveram em vários festivais, todos gratuitos, e obtiveram algumas respostas: “A gente procurou selecionar mais os que tinham a temática de gênero e essas coisas, a gente correu atrás e torceu muito pra que alguns rolassem, a gente queria mesmo que acontecesse.”

Nino contou que está muito feliz com a repercussão, porque a intenção do curta era atingir um público mais regional - como o do Festival Primeiro Plano -, e foi uma surpresa boa esse alcance maior. “Lá fora é incrível porque é um público diferente. A gente foi pra São Paulo, foi pra Londres, agora vai ter Ucrânia, vai ter México, e eu estou super feliz mesmo, quero que vá pro mundo. De Juiz de Fora pro mundo.”


Carolina, que é amiga de Nino, contou que a maior dificuldade foi esperar as drags ficarem prontas: “demora demais e todo mundo atrasa, você chega e só vai gravar 4 horas depois”. Dona de uma produtora, a Old Man Filmes, ela já possuía os equipamentos, e fez o curta sem nenhum patrocínio ou incentivo, foi tudo recurso próprio. “Era eu e a câmera encontrando com as gay, e só.”

Mas a diretora já tem um novo projeto em pré produção, na fase de captação de investimento. “A gente planeja fazer um longa metragem, com outros personagens, expandir, fazer uma coisa mais de âmbito nacional, não ficar tão local assim”. O projeto vai abordar questionamentos de gênero, explorando o tema em três personagens distintos: um andrógeno, uma trans e uma drag.


Nino destacou a importância do debate de gênero na atualidade, o respeito à diversidade e como essa luta tem crescido em Juiz de Fora: “Nós vamos ocupar esses lugares, a gente vai estar nesses lugares, porque isso tem que acontecer. Essa é a nossa resistência, drag é resistência, e a gente tem que se mobilizar, e é ocupar e resistir mesmo, e montada! De peruca, de salto, de cílio e tudo que tiver direito.”

O Festival Primeiro Plano foi encerrado neste sábado, e você pode conferir as matérias feitas durante o evento aqui.

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